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Úlceras indolente: Porque é tão difícil cicatrizar e quais as opções de tratamento?

13 de setembro de 2022

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A córnea não cicatriza!
Úlcera Indolente em cães, quais as opções de tratamento?

A córnea é o tecido ocular mais externo, é transparente e como se fosse um vidro para permitir a entrada de luz para dentro do olho, o que a torna uma estrutura essencial para a visão.

As úlceras de córnea são “machucados”, lesões nesta estrutura que podem ter diferentes características, podem ser superficiais ou profundas, pequenas ou extensas. Podem responder ao uso de colírios ou podem necessitar de correção cirúrgica.

Por sua vez, a Úlcera Indolente é um tipo de úlcera que antigamente era chamada de úlcera do Boxer, pois era muito descrita nesta raça. Hoje sabemos que, apesar de comum em Boxers, observamos esta lesão nas mais diferentes raças atendidas na nossa rotina. 
Ela recebe outros nomes, sendo também chamada de Dano Epitelial Corneano Crônico Espontâneo (SCCED), úlcera persistente, erosão recorrente, erosões corneanas persistentes idiopáticas, dentre outros.


O paciente pode apresentar dor, desconforto, ficar com o olho mais fechado (blefaroespasmo), pode ter secreção, olho vermelho ou ter alterações na transparência da córnea (em alguns casos ela fica mais opaca ou com a presença de vasos).
A causa deste defeito de cicatrização ainda não é bem estabelecida, são descritas anormalidades morfológicas e funcionais da córnea que não permitem a adesão da camada superficial que está cicatrizando (epitélio) na camada adjacente (estroma). Por isso, no exame oftálmico observamos a borda da lesão solta e o corante de fluoresceína utilizado para delimitar a lesão infiltra por baixo deste epitélio não aderido.
Na consulta com o oftalmologista veterinário, um exame cuidadoso é realizado a fim de eliminar qualquer causa que contribua para a cicatrização tardia desta úlcera. O oftalmologista sempre avalia se o paciente tem cílios mal posicionados, cílios ectópicos, alterações em margem da pálpebra, nódulos que tocam o olho, corpos estranhos ou alterações no filme lacrimal. 


O tratamento da úlcera indolente consiste em:

  • Utilização de alguns colírios;
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  • Remoção da causa primária (distiquíases ou nódulo de pálpebra por exemplo);
  • Desbridamento com haste estéril (remoção do epitélio solto com aplicação de um colírio anestésico e um cotonete estéril);
  • Uso de lentes de contato protetoras.

Mas se mesmo assim a úlcera não cicatrizar, o procedimento cirúrgico ou a aplicação tópica de células tronco são as opções de tratamento que indicamos nestes casos de úlceras indolentes.

O procedimento cirúrgico com melhor taxa de cicatrização é o debridamento superficial da córnea com diamond burr, que consiste na aplicação de uma broca diamantada acoplada a um motor de baixa rotação. Apesar de incomum, em 3% dos casos, pode ocorrer a ceratomalácia como complicação em cães tratados com diamond burr. 

A aplicação tópica de células tronco mesenquimais também é uma alternativa para o tratamento de úlceras indolentes.  Com a vantagem de ser um procedimento que não requer anestesia geral, o que é benéfico para pacientes idosos ou que tenham outras alterações que tragam risco anestésico.
A terapia celular mostrou segurança, boa tolerabilidade e alto índice de cicatrização nos casos de úlceras indolentes em cães e pode ser uma excelente alternativa de tratamento para estes pacientes

Referências Bibliográficas

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